quinta-feira, 21 de maio de 2009

O ESPELHO


Um homem ia em direção a sua choupana quando viu no meio do mato um objeto brilhante. Foi até lá e apanhou-o. Ao mirá-lo ficou estupefato, viu um homem de barba começando a embranquecer, olhos com algumas rugas, igualzinho ao seu pai, ou seja, igual à figura do pai que falecera quando ainda era criança. Enrolou o retrato do pai num pano e ao chegar em casa colocou-o no fundo de um baú. Nada disse á mulher. As mulheres falam demais, pensou. Quando se sentia sozinho abria o baú, tirava o retrato e contemplava-o por longos minutos. Claro que a mulher desconfiou e quis saber o que o marido guardava com tanto cuidado. Ao ver o objeto, viu a figura de uma mulher já sem o viço da mocidade. Indignou-se:
- Então o sem vergonha tem uma amante e ainda tem o descaramento de guardar o seu retrato...
Chamou a mãe e mostrou-lhe o objeto:
- Veja minha mãe, meu marido me trai.
A mãe olhou, olhou e deu sua opinião:
- Ora, minha filha, é dessa mulher que você está com ciúme? Uma velha horrorosa, caindo aos pedaços, você é muito mais bonita do que essa aí.
Nisso chegou o marido, recebido com xingatório.
Nesse momento passava em frente à casa um monge budista e ao ouvir a discussão foi ver do que se tratava. Ao pegar o objeto, motivo da briga exclamou:
- Mas este é o retrato de um santo monge e deve ser depositado num altar.
Levou o objeto consigo, pondo fim à briga daquela família.

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